Saca só
como foi a minha última quarta-feira (também como conhecida como “ontem”).
Combinei de
fazer uma jantinha pra umas amigas que iam em casa, lá pelas 19h30. O problema
é que eu chego em casa às 18h30 e o cardápio incluía um rocambole de carne que
geralmente demora pra assar. Ou seja, correria!
Cheguei em
casa, dei um beijo e um abraço na Clara e corri pra cozinha. Enquanto a Rose
ajudava a distraí-la lá na sala, eu preparei e coloquei a carne pra assar, fiz
o molho pro nhoque (fiz nada, era daqueles prontos, só dei uma incrementada,
sabe como?).
Terminei e
pedi pra Rose providenciar um arroz, enquanto eu corria tomar um banho de gato.
Pra não deixar a Clara lá perto do fogão, chamei a pequena pra ir pro quarto me
fazer “companhia” enquanto eu tomava banho.
Abri a
porta do quarto, ela entrou com a minha chave na mão. Daí escutei meu celular
apitar lá na cozinha, voltei pra pegá-lo e responder a mensagem das meninas que
já estavam à caminho. Volto pro quarto e escuto a Clara mexendo em algo no
banheiro (ela adora abrir e fechar as gavetas, tirar as coisas de dentro e
jogar no cesto de roupa suja, até aí tudo certo). Tiro a blusa, um pé da bota e....ouço um
barulho de água. Coração para de bater por uns segundos e eu penso: “a única “agua
empoçada” a que ela tem acesso no banheiro é, claro, a da patente!
Saí
correndo, um pé de descalço o outro não, só de sutiã e me deparo com a
criaturinha tentando pegar a minha chave que ela tinha jogado lá dentro da
privada, junto com uma embalagem de escova de dente e um daqueles plastiquinhos
com cera pra depilar o rosto, sabe?
- “Claraaaa”
E ela saiu
correndo, dando risada, com a mão molhada (nojo define). E eu fui atrás,
correndo pra alcançá-la. Daí faz o que além de dar uma bronca, dizer que não
pode e lavar a mão da criança com bastante sabão?
Enquanto
tentava fazê-la parar quieta pra lavar a mão direito, ela tentava
desesperadamente me “avisar” da chave que estava lá brilhando no fundo da
privada, que deveria estar tampada, mas alguém preferiu esquecer aberta aquele
dia. - “Beleza, já vi Clara”, com cara
de poucos amigos.
Peguei um
palito de churrasco e “pesquei” a chave lá de dentro, que passou por um
rigoroso processo de lavagem e descontaminação (só que não) e voltou pra cima
da mesa de onde não deveria ter saído. Tudo sob o olhar atento da Clara, que se divertia achando que aquilo ali era uma brincadeira muito da engraçada.
Beleza,
caos resolvido, filha e chave descontaminadas, fui pro banho. Mas antes mudei
de planos, pedi pra ela ir brincar com a Rose e fechei a porta do quarto. Dois minutos
depois e banho tomado, já escutava os gritos de “mamãííí” dela e o “toc toc” na
porta (ela aprendeu a bater na porta com a mãozinha fechada, gracinha).
Abri e ela
entrou toda faceira. Enquanto eu me trocava, ela se esticava pra pegar os potes
de creme, perfumes e outras coisas de dentro do meu guarda-roupa. Eu vestia uma
peça de roupa, tirava um frasco de perfume da mão dela, pegava uma blusa e
tirava um frasco de creme da mão dela....e assim sucetiva e exaustivamente .
Até que cansei, fechei a porta do guarda roupa (como se ela não soubesse abrir),
falei que não era pra mexer em mais nada e voltei pro banheiro para buscar um
pente.
Dez segundos
depois, volto pro quarto e escuto um som de quem está comendo algo. Pensei
comigo: “no mínimo ela ta comendo um pedaço de bolacha que achou perdido – e no
máximo um inseto qualquer. De boa”. Quem nunca? Mas nãããooo, ela estava
experimentando o meu protetor solar!!!!! Meu coração parou de bater por alguns
segundos, de novo e num intervalo de menos de 20 minutos.
Dei um tapa
que jogou longe o protetor, catei ela como quem pega um saco de feijão debaixo
do braço e corri pro banheiro. Lava bem a boca, olha pra ver se tem protetor
solar lá dentro. Não tinha sinal, mas eu sabia que pelo menos um pouquinho ela tinha
experimentado, pela cara de alegria dela.
Daí a mãe
louca pensa o quê? Em ligar pra médica? Levar pro hospital? Chamar o Corpo de
Bombeiros? Fingir que desmaiou pra não ter que lidar com aquilo? Não, as
visitas estão chegando, bora tomar bastante água pra diluir esse protetor lá
dentro do estômago e evitar qualquer problema maior! Bela mãe que eu sou, hein?
Ela não
queria beber a água de jeito nenhum – claro, aquele creminho branco e cheiroso
é muito mais gostoso – mas tomou mesmo assim. E eu só sabia dizer: “porque você
fez isso?”, “não pode, filha”, “você comeu mesmo?” “tava bom?”.
A esta
altura estava eu lá, descabelada, cara lavada, com a blusa toda amassada já...
e as amigas tocando o interfone lá embaixo. Sobrevivemos à noite, mas ganhei mais
uma meia dúzia de cabelos brancos! Como se eu já não tivesse o suficiente...
Entre contaminados e descabelados, salvaram-se todos!