Há pouco mais de um mês, Clara ingressou em um mundo cheio
de descobertas, novas amizades, desafios e alguns vírus e bactérias novos: a
escola!
Com a saída da babá e com a minha necessidade de ter um
tempo para trabalhar em casa e cuidar dos meus compromissos, achamos que seria
uma boa alternativa adiantar em alguns meses o plano de colocá-la em uma
escolinha, o que pretendíamos fazer no início do ano que vem.
Visitamos quatro escolas – sempre com a presença da Clara
junto com a gente, fizemos muitas perguntas, recebemos muita atenção e explicações.
Quer dizer, em uma das escolas nem tanto, pois fomos atendidos praticamente no
portão e não nos deixaram conhecer as dependências da escola “por não termos
marcado horário. Nem preciso dizer que essa escola já foi descartada logo de
cara, né?
Pois bem, analisados todos os prós e contras de cada escola,
levando em conta as instalações, a distância de casa, o método de ensino e as
impressões que tivemos das pessoas que nos atenderam e das professoras,
escolhemos uma. No fim, pesou bastante o fato dessa ser a mais próxima de casa
(afinal, teria que levar e buscar a Clara todo dia sem carro) e também o fato
do marido ter estudado lá e termos ótimas referências.
Foi uma luta conseguir vaga, principalmente por já estarmos
nos aproximando do fim do ano letivo e tudo mais. Depois de uma ligação
desesperada e de uma chantagem emocional (rs) da minha sogra, o pessoal da
escola foi suuper gente fina e descolou uma vaga pra Clara. Graças a ela, agora
sua turma tem um aluno a mais..hehe
Pois bem, começava aí a apreensão de como seria a adaptação
da Clara em um ambiente tão novo e diferente do que ela estava acostumada. Por
conhecê-la e saber que ela adora crianças e faz amizade fácil, digamos assim,
me deixou um pouco mais tranquila. Na escola, a coordenadora nos orientou sobre
como seria o processo: na primeira semana, eu ficaria por lá caso ela me
chamasse (não fiquei na sala de aula, fiquei na sala da coordenadora) e iríamos
aumentando o tempo que ela ficaria na aula aos poucos, até ela conseguir ficar
a tarde toda.
No primeiro dia, levei ela até a porta da sala de aula, me agachei,
disse que ela ia ficar ali brincando com aquelas crianças e que ia ser muito
legal, mas que se quisesse podia me chamar que eu tava logo ali no pátio. Ela
se animou, foi logo sentando em uma das cadeiras e depois de ganhar um
brinquedo da professora me chamou pra brincar também. Mais uma vez, falei que
ia ficar esperando do lado de fora, mas que ela poderia ficar ali brincando com
as outras crianças. Assim foi. Fiquei na sala da coordenação (que dá de frente
pro pátio), prevendo que a qualquer momento a professora fosse aparecer com ela
querendo me ver.
Mas não teve isso. Ela não pediu por mim em nenhum momento.
Na hora do lanche, saiu em fila com os novos amiguinhos e ao me ver lá sentada
na sala, me chamou pra brincar com ela de novo. A professora disse que iriam
lanchar e brincar e ela logo esqueceu de mim (era pra ficar triste ou feliz?).
No primeiro dia, fomos embora logo depois do lanche. No caminho, fomos
conversando sobre a escola, o que ela fez, se ela havia gostado e ela
demonstrou que estava muito a vontade e contente.
No segundo dia, fiquei na escola por cerca de uma hora e a
coordenadora me disse que ela estava muito bem, que se eu quisesse sair pra
fazer alguma coisa e voltar depois para buscá-la, podia ir. Hesitei, mas também
achei que minha presença ali não era necessária, era melhor que ela não me
visse pra ver como seria sua reação. Mais uma vez, ela se divertiu e participou
das atividades sem chorar, sem estranhar, sem perguntar da mamãe aqui (#chateada).
Fui buscá-la antes do horário de saída normal, como a coordenadora havia orientado
e ela não queria ir embora.Só aceitou sair da sala quando disse que voltaríamos
no dia seguinte pra brincar mais.
Já a partir do terceiro dia, diante do sucesso da adaptação,
ela passou a ficar o período inteiro, sem a necessidade da minha presença por
lá. As professoras disseram que ela estava indo muito bem e que nem parecia que
era a primeira vez que frequentava a escola. Com isso, fiquei bem mais
tranquila.
E tem sido assim desde então: ela fica toda animada pra ir
pra escola. Chega lá, se despede de mim sem cerimônias e corre toda feliz lá
pra dentro. E eu? Fico feliz que tudo tenha ocorrido sem problemas, traumas ou
estranhamento pra ela. Hoje tenho mais certeza que fizemos a escolha certa e
que a escola vai fazer muito bem a ela.
Massss...verdade seja feita, nem tudo foi flores nesse
primeiro mês. Como eu muito ouvi falar, a pequena não escapou de ficar doente.
Logo na primeira semana, pegou uma gripe bem forte (coisa que nunca tinha
acontecido antes), que passou pra mim e derrubou a nós duas. Felizmente,
conseguimos tratar logo no início e não foi preciso apelar pro médico nem pro
pronto socorro. Mas, mesmo assim, foram semanas com uma coriza que não ia
embora e uma tossezinha na hora de dormir que nos tiraram o sono.
Quando pensei que a gripe tinha ido embora de vez, me surge
uma infecção de garganta que fez a pequena precisar de antibiótico pela
primeira vez na vida. Eu sei, tivemos sorte dela ter passado tanto tempo sem
precisar deles, mas é de dar dó né? Por causa da febre que não baixava e dos
antibióticos – que a escola não dá pra criança nem com a receita médica – ela ficou
uma semana sem ir pra aula. Mas como já haviam me alertado, infelizmente é
comum a criança ficar doente nos primeiros meses na escola. Até ela criar toda
resistência (que eu achava que ela tinha de sobra, já que nunca ficava doente),
talvez a gente ainda tenha que enfrentar outros episódios como esses.
Tirando isso, a entrada da minha pequenininha na escola está
sendo uma maravilha. Assim, tenho um tempo pra cuidar das minhas coisas e
trabalhar, enquanto ela se diverte convivendo com outras crianças e aprendendo
coisas novas. Não me arrependo nem um pouco dessa decisão.
E pra quem está nessa fase da escolha da escolinha ou da
adaptação, aqui vão algumas dicas que nos ajudaram bastante, baseadas na minha experiência e em matérias e posts que já li por aí:
- Visite várias escolas e prefira fazer isso sem marcar
horário com antecedência. As boas escolas não costumam exigir agendamento.
- Se for possível, leve a criança junto durante as visitas.
Observe como ela se comporta, se gosta dos ambientes e das pessoas, se sente à
vontade ali. A “opinião” dela é importante, afinal, é pensando no melhor pra ela
que você fará a sua escolha.
- Analise as propostas pedagógicas de cada escola, assim
como o espaço físico, a formação dos professores e auxiliares, a localização, a
forma como eles dividem as atividades ao longo do dia e o que priorizam na
formação das crianças. Avaliado tudo isso, pense naquela que mais tem a ver com
o seu estilo de vida, com as suas expectativas e anseios e com o que você quer
pra educação e cuidados do seu filho.
- Se estiver em dúvida, faça uma listinha com os prós e
contras de cada escola. Coloque tudo na balança e opte por aquela que tem mais “prós”.
- Não tenha medo ou vergonha de perguntar tudo e tirar todas
as suas dúvidas com a escola. Pra facilitar, você pode montar um questionário e
levar pra não se esquecer de perguntar nada importante.
E para a adaptação:
- Mesmo que esteja ansiosa e nervosa para o início das
aulas, tente não demonstrar isso para o seu filho. Acredite, eles sentem as
mudanças no comportamento e humor dos pais e podem acabar ficando nervosos
também.
- Passeie pela escola com o seu filho, converse com os
professores, mostre as crianças, sempre ressaltando os pontos positivos do
lugar, falando como as crianças estão se divertindo e como vai ser legal passar
um tempo ali.
- Torne o momento da entrada na sala de aula em algo
natural. Mais um vez, vale ressaltar todas as coisas boas do lugar. Se for
preciso, entre com ele, ajude-o a se sentar e deixe que a professora faça “as
honras da casa”, mas sempre ali do lado.
- Se a criança chorar e se negar a ficar na escola sem você,
o melhor a fazer é ter paciência e ir aos pouquinhos. Deixá-lo chorando e ir
embora não é o melhor caminho. Sente-se com ele, se proponha a fazer as
atividades junto com a turma e vá aos poucos explicando que você não o está
abandonando ali, que ele poderá te ver no fim do dia ou que poderá pedir a sua
presença quando se sentir inseguro.
- Agora, se o caso for o oposto (como o meu) e a criança
ficar tão à vontade que nem sem lembrar de olhar pra trás e dar tchauzinho pra
você, nada de ficar triste, se sentindo abandonada e menos preterida pelo
filho. Encare isso como um passo importante rumo à liberdade e autonomia do
filhote. Pense que muitas mães gostariam de estar no seu lugar.
- Lembre-se sempre que cada criança tem seu tempo e cada uma
reage de uma forma à novidade da escola. Se tiver dúvida sobre como se
comportar e o que fazer pra ajudar na adaptação, peça ajuda das professoras e
coordenadores da escola. Eles têm muito experiência com isso e vão saber te
orientar de forma que essa adaptação se dê da melhor forma possível, tanto pra
criança quanto pra você.
Espero que essas dicas e a minha recente experiência nesse
assunto que rende tantas dúvidas possam ser úteis. Depois conto como ficou nossa rotina nessa nova fase.
Beijos,
Mari